sábado, maio 28, 2011
sexta-feira, abril 03, 2009
Primeira Dama visita "Sopros de Vida"
A Senhora Dra. Maria Cavaco Silva visitará a Exposição "Sopros de Vida", patente no Centro Cultural de Cascais - Fundação D. Luís I, no próximo dia 7 de Abril.
A visita da Primeira-Dama à Exposição "Sopros de Vida" será acompanhada pelo artista, Mestre Gil Teixeira Lopes, e pelo Presidente da Fundação D. Luís I e da Câmara Municipal de Cascais, António D'Orey Capucho.
Sopros de Vida até 19 de Abril
sábado, março 28, 2009
Soproa de Vida
3ª feira a domingo das 10h às 18h00
Entrada gratuita.
Em Estado de Graça
Gil Teixeira Lopes
Em Estado de Graça
GITELO: Quase apetecia-me dizer nenhuma ou todas! No fundo o importante é expressar-me e expressar, aquilo que entendo que devo, e reagir do modo através do qual devo reagir. Os meios e os materiais são os mais diversificados e não gosto de estar restringido e, sobretudo, gosto de subverter os materiais e as técnicas.
GITELO: É isso tudo... Por vezes parte-se de uma determinada ideia para uma diferenciação de materiais que só depois se enquadram numa categoria artística. As acções são muito diversificadas como os motivos que se vão entender a partir das obras. Todas as expressões complementam-se e estão sempre em aberto, tal como a obra que encontra-se sempre aberta a tudo.
GITELO: Gosto muito das máscaras... E gosto muito delas porque o primeiro momento da máscara é um fragmento... Uma parte... E o todo... Uma parte em que não se mostra tudo é um misterio e estimula a curiosidade da pessoa em querer ver mais, mais e mais. Esta parte é, por vezes, muito mais importante que uma obra completa. É um fragmento... Um momento... E o espectador atribui-lhe o restante conteúdo. O obervador lê e cria os momentos em falta sendo, também, um criador. Aqui o mistério é muito mais importante que a obra completa, que a perfeição...
GITELO: A gravura começou como qualquer outra técnica ou expressão que comecei a explorar desde muito jovem. É um processo que começa de uma forma muito imediata. A primeira que fiz foi uma gravura para uma ilusração de um livro. Perante as limitações que existiam e que ainda existem (nesse tempo eram totais!) arrisquei expandir a minha obra para fora das fronteiras, o que era muito difícil. Nesse sentido tentei encontrar os meios mais viáveis para essa intenção. Nessa altura havia grandes bienais internacionais de gravura, digamos "abertas". Convocava-se a bienal e informava-se todo o mundo que iria exisitir essa bienal e a sua periodização e cada artista podia candidatar-se individualmente, o que não acontece actualmente. Assim, desenvolvi a gravura dentro da faculdade para ter meios de a produzir, investiguei, experimentei imenso e tinha o meu atelier. Comecei então a enviar as minhas gravuras candidatas para as bienais. A primeira foi para Florença e aconteceu que tive um prémio logo aí. Corri um risco enorme em enviar as gravuras, fui bem aceite e ganhei o prémio, o que é surpreendente! A partir daí comecei a ser artista convidado porque se não o fosse também não ia. Os juris eram muito diversificados e o processo de selecção era outro o que permitia candidaturas espontâneas e constantes por parte dos artistas.
GITELO: Sim recebi diversos prémios e foi um grande incentivo. Porém o que acontece é que, ao contrário do que aconteceia noutros países lá fora, aqui um artista premiado não tem direito a uma exposição individual no país de origem. Este tipo de estrututuras não fucionavam em Portugal da mesma maneira. As grandes organizações que se começaram a distinguir não acompanhavam este processo. Em Florença depois da medalha de ouro fui eleito presidente da cooperativa de gravadores portugueses para organizar a 4ª ou 5ª representação na bienal. Porém, os processsos diplomáticos e a Secretaria de Estado da Cultura ao comandar o processo acabou por fracassar e Portugal deixou de ser convidado para essa representação.
GITELO: Eu não faço destinções. Essas classificações são maneiras de organizar as coisas, e são títulos que se dão: abstracto ou realista. Mas elas não são taxativas e interpenetram-se e cruzam se e no meu mundo não me quero limitar por qualquer dessas barreiras. Tanto que posso estar a ver, quer em épocas, materiais ou formas de expressão, várias formas ao mesmo tempo e cultivá-las da maneira que eu quiser. Tal relaciona-se com as minhas técnicas sempre diferentes que se complementam e relacionam-se naturalmente. E foi sempre isso que defendei e quis transmitir aos meus alunos.
A&L: Como caractreriza o seu universo artístico?
GITELO: Essa pergunta!!! (risos) As temáticas são as mais diversas. Temos de estar sempre e o mais possível permiáveis e abertos a sermos tocados e influenciados por tudo aquilo que nos rodeia. Desde a mais simples flôr até a uma forma mais conjugada e complexa. A tudo isso temos de estar aptos a que nos toque, naquilo que chamo "estado de graça". No meu conhecimento tenho de aceitar e compreender tudo! Há artistas e coisas que me podem tocar em determinado momento. Tenho de ser capaz de, enquanto professor e artista, de ver tanto um Tápies como um Velázques e atender, estar disponível para o entender e absorver. As ressonâncias no meu trabalho são de épocas e momentos diferenciados. Tudo é baseado e resultado de um trabalho muito profundo de investigação, técnica e criação.
A&L: Outra componente indissociável da sua trajectória e obra é a componente técnica, o método e o processo criativo e produtivo...
GITELO: A pesquisa é fundamental no processo criativo. Sempre a ver, a questionar, a tentar meter as mãos... Sempre cheio de dúvidas. O método é experimentalismo. O trabalho é muito importante, muito mais que a inspiração. Inspiração só tem lugar e razão dentro da transpiração, dentro... E só ai se pode dar o tal estado de graça.
A&L: Agora, como professor catedrático jubilado de pintura da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, olhando em retrospectiva, de que forma vê como determinante, ou não, o seu importante trajecto no ensino na sua obra?
GITELO: Eu não seria o mesmo artista se não tivesse sido professor. Não diria que se prejudicam mas em todo o caso dentro da estrutura que está montada por vezes uma prejudicou a outra em termos de tempo e de disponibilidade. Por vezes quis ser só artista. Mas assim o artista fechado no atelier também não me agrada... Mas é sempre fundamental para um professor ser artista... Qualquer tipo de artista. No fundo cruzam-se! E para um artista professor o debate com os alunos é muito enriquecedor, e o aluno aprende imenso com o contacto directo com a visão do professor, do mestre. Por outro lado o académico tem de ser abalado para ter uma explosão um estímulo diferente para o processo de ensinar que também é criativo. E claro um artista não se faz só pela obra! Tem de estar enquadrado num contexto específico, há diversas circunstâncias que o levam a isso. A divulgação da obra, seu reconhecimento internacional e claro nacional.
A&L: Conquistou um fascinante e natural percurso com muitas inspirações e motivações... Sabemos de um episódio que lhe é muito querido em que alguém comenta: "Não incomodem o artista, que está a trabalhar"...
GITELO: (risos) É a juventude! O jovem artista sente-se o centro do mundo o que é uma pura ilusão porque a seguir vem um trajecto duro e desafiante. Essa frase foi um comentário do director do MNAA Dr. João Couto que estava com um grupo de miúdos no museu enquanto eu estava a tentar copiar o painel dos frades, dos painéis de S. vicente. Foi uma verdadeira lição resolver todo aquele panejamento, o que em pintura é muitísssimo difícil sobretudo com técnicas aproximadas das originais, como a técnica de ovo. Foi um dos grandes ensinamentos e encerra uma certa mística que um artista tem de sentir sempre. É um embelezamento quando se é jovem, jovem esse que se quer superar com ambição e isso deve comandar o processo... Este desejo de perfeição deve estar sempre presente no ser humano e em qualquer profissão. É o que nos comanda para sermos sempre melhores e superar-mo-nos.
A&L: Estamos perante a presente mostra de inéditos "Sopros de Vida". Como a caracteriza e insere no seu percurso?
GITELO: (risos) Quando lhe dei o título isto inclui a minha vida, aquilo que tenho vivido entre a vida e a não vida (os meus problemas cardíacos desde há 10 anos) e no fundo estes sopros que apresento são também continuação da minha vida. São resultado destes meus saberes mas condicionados por certas circunstâncias e também há aqui uma expressão e uma leitura menos imediata que me é pedida pelo meu estado de exaltação que neste momento está mais presente. Interessa-me mais aspectos emotivos da expressão que resultam em composições menos objectivadas o que permite muito mais abertura de leituras. Abrem aos observadores mais perspectivas. E desejo sempre que eles gostem. Ao nivel de técnicas e cores abri também a amplitude e é uma conjugação diversa o que me permite e desesjo que seja uma grande abertura e libertação. O espaço por vezes é limitativo porque queria pintar em telas gigantes com 6 metros porque isso permite-me uma maior expressão. Gosto de me expressar em grande escala. Mas claro que estes trabalhos precisam respirar, cada obra precisa da sua ambientação e eu gosto de ambientes muito amplos, abertos. Gosto da dimensao latas. Tudo em grande e sempre foi assim. O que não quer dizer que não me emocione com coisas muito pequenas. Uma vez em Roma, no Museu do Vaticano, estava desesperado em busca de algo que me tocasse e fui ver uma escultura grega de uma cabeça de cavalo com uma linha de excepção e era de dimensões pequenas. Aí reside algo de mágico e no fundo um gosto pelo grande está presente... É, de novo, como os fragmentos que evocam algo maior mais completo e que em si contem uma essência de algo grande. Nas ditas pequenas obras vemos o indício da grandeza do artista, por isso, também, me dediquei a fazer coisas mais pequenas. É como o ritmo da vida, sempre diferenciado, tal como não falamos sempre da mesma maneira.
A&L: Pergunta "matreira" (risos), conhecendo outra particularidade do seu processo: as obras estão terminadas?
GITELO: Para este momento estão. Pendura-se as obras mas depois não sei o que vai ser delas. Elas estão prontas para aquela altura. Mas depois se estao completas não sei... E é bom que não saiba porque há sempre vontade de mais e de ir mais além e de procurar mais e mais... Aliás, neste momento ja estou a pensar noutras e nas próximas.
A&L: Finalmente qual é o papel do artista e da obra de arte?
GITELO: (risos) Eu sei lá responder a isso! Só poderei responder desta maneira. A criança nasce e ao nascer tenta fazer logo acções e dessas acções e essas expressões são necessidades humanas inatas. Depois há estádios e metas mais além, ou menos, que as pessosas vão desejando e atingindo. Os ditos artistas são aqueles que vão vivendo mais intensamente e fazendo mais experimentações e esforços na necessidade dessas expressões. Mas todos os seres humanos necessitam disso. As expressões artitas sao fundamentais para o Homem, são pão para a boca. E depois ha diversos meios de expressão. O artista é fundamental e as artes também. A informação artística faz a história e testemunha vivências e povos. A obra de arte é fundamental como produto dessa paixão, dessa vivência, dessa necessidade. O fundamental é que é primária e é uma necessidade humana, é uma entrega é uma aprendizagem que é mais ou menos desenvolvida consoante diversos processos e enquadramentos. E depois há a necessidade, também inata, no ser humano de sentir de forma extraordinária, de ficar preso quando observa ou é confrontado com uma peça artística. E é esta capacidade de fazer ficar preso, de cativar, de encantar alguém, que faz a obra de arte.
Etiquetas: Artes e Leilões
sexta-feira, fevereiro 13, 2009
Sopros de Vida
Esta mostra apresenta um conjunto particularmente significativo de pinturas e esculturas recentes, em que pode ser identificado todo o processo de depuração estética e criatividade de Mestre Teixeira Lopes.
De 13 de Fevereiro a 12 de AbrilCentro Cultural de Cascais - 3ª feira a domingo das 10h às 18h00Entrada gratuita.
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
Gil Teixeira Lopes: SOPROS DE VIDA
sexta-feira, dezembro 19, 2008
Gil Teixeira Lopes expõe no Centro Cultural de Cascais
A Exposição será inaugurada no dia 13 de Fevereiro de 2009, 6ª feira, pelas 21h30 e estará patente até 12 de Abril de 2009. Serão apresentados mais de 50 trabalhos inéditos, dos últimos 4 anos, ainda em selecção pelo Artista.
Para o catálogo da Exposição escreveram textos a escritora Inês Pedrosa e o jornalista Manuel Dias Coelho.
A Fundação D. Luís I, criada em 1996, tem por fim desenvolver, acolher, divulgar e acessibilizar a cultura no concelho de Cascais, bem como assegurar, em conjunto com a Câmara Municipal, a gestão do Centro Cultural de Cascais. É uma Fundação de génese municipal, aberta à participação privada.
O Centro Cultural de Cascais encontra-se instalado na "Casa Cor-de-Rosa", antigo Convento de Nossa Senhora da Piedade. Sendo o quarto maior espaço do país em área coberta para exposições, abriu as suas portas a 15 de Maio de 2000.
Centro Cultural de Cascais
3ª a Domingo - das 10h às 18.00h
Avª. Rei Humberto II de Itália, S/N
2750-641 CASCAIS
Etiquetas: Centro Cultural de Cascais
sexta-feira, dezembro 28, 2007
Colectiva inaugurou Acto Galeria de Arte
A juntar à inauguração, o dia ficou marcado pela abertura da primeira exposição da galeria. A mostra conta com trabalhos de vários artistas portugueses e pode ser visitada até dia 1 de Fevereiro do novo ano.
Gil Teixeira Lopes é um dos nomes mais sonantes desta exposição. O pintor é professor catedrático jubilado de Pintura da Faculdade de Belas Artes (antiga ESBAL). A sua obra é multifacetada e vasta em técnicas utilizadas e em temas. Recebeu entre 1960 e 1998 cerca de 40 prémios e distinções, quer no país quer no estrangeiro, assim como participou em inúmeras exposições. As suas obras estão representadas em diversas colecções privadas e públicas. No início de 2007, o artista, que se diz inspirado em coisas banais do quotidiano, deu a a conhecer uma pequena parte do muito trabalho que ainda mantinha inédito, com a exposição "Anos 70/70 anos".
Marília Viegas , Matilde Marçal, pintoras e professoras da Faculdade Belas Artes da Universidade de Lisboa, Guilherme Parente, Lima Carvalho e António Pedro são os artistas que, para além de Gil Teixeira Lopes , mostram algumas das suas pinturas na exposição inaugural da ACTO Galeria.
Este espaço de arte está aberto de terça-feira a sábado, das 15 as 19.30 horas.
in Jornal de Notícias, 2007/12/20
quinta-feira, novembro 29, 2007
Aula Extra
Antigos Professores das Belas-Artes: António Vidigal, Francisco de Aquino, Gil Teixeira Lopes, Hélder Batista, João Afra, Joaquim Correia, Jorge Pinheiro, José Cândido, José Carlos Miranda, Justino Alves, Lagoa Henriques, Luís Filipe de Abreu, Marília Viegas, Rocha de Sousa, Rogério Ribeiro, Soares Branco, Vítor Manaças.
Comissão Executiva: Miguel Arruda, Isabel Sabino, Fernando António Baptista Pereira, Cristina Azevedo Tavares, Matilde Marçal, António Rodrigues, Carlos Vidal e Delfim Sardo
Organização: Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa
29 Novembro a 31 Dezembro 2007 FBAUL
Etiquetas: Faculdade Belas-Artes
sexta-feira, abril 06, 2007
"Anos 70 Anos" até 31 de Maio.
A exposição está aberta nas 3ªs feiras, entre as 14h 18h e de 4ª feira a Domingo entre as 10h e as 18h. Constitui uma retrospectiva da sua produção da década de 1970, composta por 43 obras em técnica mista sobre papel.
A obra exporta é constituída por uma retrospectiva da produção da década de 1970, de Gil Teixeira Lopes, composta por 43 obras em técnica mista sobre papel.
Milhão de euros doado por Mário Cesariny à Casa Pia vai para escola de artes.
Ascende a um milhão de euros e vai ser investido numa escola de artes o dinheiro que o poeta-pintor Mário Cesariny de Vasconcelos, falecido em Novembro de 2006, deixou em contas bancárias e doou à Casa Pia em disposição testamentária.
"Foi, para nós, uma surpresa total e uma emoção muito grande", declarou ao DN Catalina Pestana. Segundo a provedora da Casa Pia, "já existia o projecto para fazer uma escola de artes do Colégio D. Maria Pia, em Xabregas", permitindo a doação "avançar rapidamente" com um plano que, sem este contributo, demoraria a concretizar.
Para Catalina Pestana, "fazia todo o sentido" distinguir uma instituição que "já tinha educado grandes homens do mundo das artes" - como o pintor Gil Teixeira Lopes ou o escultor Martins Correia. "Mário Cesariny nunca tinha tido contactos com a Casa Pia, mas foi um poeta mal-amado durante quase toda a sua vida e lembrar-se de mal-amados para fazer deles seus herdeiros é qualquer coisa que me emociona muito", remata a provedora.
Recorde-se que o poeta e artista, além da remuneração mensal fixa, proveniente da sua editora, a Assírio & Alvim, e dos direitos de autor, recebeu, nos últimos anos, o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (25 mil euros) e o Grande Prémio EDP de Artes Plásticas (35 mil euros). Entretanto, tinha transaccionado o depósito e a conservação da sua obra plástica, com a Fundação Cupertino de Miranda, de Vila Nova de Famalicão.
quarta-feira, janeiro 24, 2007
terça-feira, janeiro 23, 2007
Citações e Informações
Ligações web para a divulgação da Exposição "Anos 70 Anos":
Portal e-Cultura.pt
Agenda do Ministério da Cultura
AgendaLx - Agenda Cultural da Câmara Municipal de Lisboa
A Exposição "Anos 70 Anos" está patente até 18 de Março, na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (Ter: 14h-18h / Qua a Dom: 10h-18h). Constitui uma retrospectiva da sua produção da década de 1970, composta por 43 obras em técnica mista sobre papel.
No auditório anexo à exposição, é também apresentado o documentário “Opus” de Fernando Carrilho, produzido pela Videoteca Municipal de Lisboa em 2003.
Um filme de arte sobre a obra do pintor, gravador e escultor português Gil Teixeira Lopes. Uma estrutura cinematográfica conduzida pela poesia deFederico Garcia Lorca, Heiner Muller, José Gomes Ferreira e Jorge Lemos rumo à ideia do”eterno retorno”, premiado no Festival Internacional de Filmes e Documentários de Arte a decorrer em Roma em 2004.
Ficha Técnica e Artística do Vídeo
Produção: Videoteca Municipal de Lisboa
Realização: Fernando Carrilho
Fotografia: Ricardo Vale e Fernando Carrilho
Montagem: Fernando Carrilho
Locução: António Cunha
Argumento: Fernando Carrilho (Baseado na poesia de Federico Garcia Lorca, Heiner Muller, José Gomes Ferreira e Jorge Lemos).
segunda-feira, janeiro 22, 2007
Un singular itinerario artístico y ético.
La presente exposicion pretende también, de algún modo, homenajear, simultáneamente, al artista cuya estética se afilia a una rigurosa ética, y al ciudadano ejemplar, al que ninguna amenaza disuadió, al que ninguna dificultad impidió la prosecución de su deslumbrante itinerario artístico.
Si la Historia es la narrativa de los movimientos humanos, el arte es el relato de lo que ocurre en el corazón de los hombres. Testimonio de esa evidencia, es la obra admirable de Gil Teixeira Lopes, aquí expuesta en una síntesis que pretende ser, a pesar de eso, representativa.
sexta-feira, janeiro 19, 2007
Uma diferença de tempo, circunstância e nada mais.
O blog "Cabo-Carvoeiro memoria's" publicou, na íntegra, uma entrevista a Gil Teixeira Lopes, realizada provavelmente em 1970, para o boletim da Escola Industrial e Comercial de Peniche, por Maria Luisa Vicente. Este encontro ocorreu após o Mestre ter recebido o prémio Nacional de Pintura em 1969 e, em Julho de 1970, ter recebido, pela sua obra em Gravura, a placa de prata da federação de artistas plásticos da Jugoslávia, na 88ª Bienal de Florença.
No momento em que Gil Teixeira Lopes apresenta, na Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, a Exposição "Anos 70 Anos" surge, oportunamente e a não perder, pelo seu conteúdo histórico e pelas fotos disponibilizadas, a publicação desta entrevista no blog "Cabo-Carvoeiro memoria's".
quinta-feira, janeiro 18, 2007
Despertares de Gil Teixeira Lopes (III)
Excertos de grande entrevista à Jornalista Alexandra Bento do Notícias da Amadora em 21-11-2002
Inquinamento e silêncio
«Sou extremamente crítico. Todavia, não posso deixar de o ser sob pena de me tornar em mais uma vítima da ditadura do silêncio». (...)
Qualquer pessoa quando nasce tem capacidades para expressar os seus sentimentos, «mas é preciso que o sistema de ensino e o ambiente dê condições». São necessários mais museus e galerias, e exposições no meio da rua, para que as pessoas dialoguem com as peças. «Não temos nada.(...)
Gil Teixeira Lopes lamenta que tenha de pagar ao «Público» ou ao «Expresso» para que a sua exposição seja divulgada nestes jornais. Lamenta também o desprezo que é dado à gravura: «é considerada uma arte menor. Prostituiu-se com promoções do tipo leva três e pague duas». Algo que causa uma dor especial. Durante anos a fio dedicou-se à gravura de alma e sobretudo coração. Foi nessa altura que começaram os seus problemas de saúde. Mas houve uma recompensa. É actualmente um dos raros portugueses com estatuto internacional na gravura. (...)
A vida de Gil Teixeira Lopes resume-se a Mirandela, terra em que nasceu em 1936, à Casa Pia, à Faculdade de Belas Artes e hoje em dia ao atelier. O resto são fugas aos países vizinhos para beber um pouco do seu trabalho, mas nunca fugas «para almoçar com este ou aquele crítico que me podia abrir portas. Não tenho pachorra».
«Quero prostituir-me o menos possível. É claro que tenho de vender obras para poder comer». No entanto, como qualquer criador «não gosto de entregar os meus “filhos” a quem sei que não vai saber tomar conta deles». Não gosta de criticar os rebentos, mas acrescenta que os seus trabalhos são «o resultado possível de um indivíduo que tem uma série de condicionalismos, seja de saúde ou de feitio». O feitio de achar que ninguém se deve calar na ditadura do silêncio porque a obra nunca está acabada.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
Gil Teixeira Lopes: a unique artist.
terça-feira, janeiro 16, 2007
Gil Teixeira Lopes expõe em Lisboa.
In Site na internet da Rádio Renascença:
«Trata-se de uma pequena parte das 400 obras em diversos materiais que Gil Teixeira Lopes tem na sua colecção e que gostaria um dia de expor na totalidade.
O artista plástico afirmou que de comum as obras apresentadas na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves "têm o facto de terem sido feitas naquela década e serem todas em igual suporte, o papel".
"O título da exposição '70 anos 70' procura jogar com o facto de ter 70 anos e ser relativa a obras da década de 1970", explicou Teixeira Lopes.
Pintor, escultor, desenhador, gravador, Gil Teixeira Lopes afirmou ter sido a década de 1970 uma das que mais produziu, nomeadamente devido à grande diversificação de influências e temáticas.»
segunda-feira, janeiro 15, 2007
Arrancando Teixeira Lopes às habituais omissões.
Pelo importante valor do testemunho, damos visibilidade a um comentário inserido pelo Prof. Doutor Rocha de Sousa, a 14-01-2007:
«Fiquei profundamente sensibilizado com este trabalho.
Sempre advoguei coisas assim, arrancando T. Lopes às habituais omissões, embora nos últimos anos haja outro interesse, não pelos media e crítica, mas por amigos e instituições especiais.
Gil vence as próprias catástrofes físicas e decide reexpor o seu testemunho. É um resistente. É um grande talento.
Sempre estive a seu lado, escrevendo sobre a obra, são muitas centenas de páginas, e penso que esta vossa iniciatica corresponde a um importante acto cultural e de justiça. Rocha de Sousa»
Nos próximos dias divulgaremos excertos das importantes críticas e reflexões do Prof. Rocha de Sousa que, ao longo dos anos, têm sido publicadas nos catálogos de Gil Teixeira Lopes, acompanhando por todo o mundo a sua obra.
domingo, janeiro 14, 2007
Inéditos de Gil Teixeira Lopes reunidos em 'Anos 70 Anos'
Muito mais do que criar "uma obra ilustrativa, que conte uma história", com "leitura imediata", tem sido a interrogação a movê-lo - a possibilidade de levar quem está perante um trabalho seu "a acrescentar-lhe" algo, "a completá-lo", "a ver mais do que está representado" e, para Gil Teixeira Lopes, isso "tem sido o mais importante".
Essa dimensão do Outro foi várias vezes acentuada na visita inaugural, que sexta-feira conduziu, de Anos 70 Anos, selecção de 43 obras, todas elas inéditas, de técnica mista sobre papel, maioritariamente produzidas na segunda metade da década de 70, uma das mais intensas da sua longa carreira nos campos da pintura, escultura, gravura e desenho. E cujo título simultaneamente remete para os seus 70 anos de vida.
Ocupando os dois pisos da galeria de exposições temporárias da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (CMAG), em Lisboa - onde permanecerá patente até 18 de Março, prestando igualmente um tributo àquela que foi a primeira casa de artista erguida em Portugal, como residência e atelier do pintor José Malhoa -, Anos 70 Anos convoca também um dever de memória, feito de postais e de fotografias antigas.
"Emociona-me ir descobrindo os sótãos, os baús dos avós, e o seu mistério", contou a quantos o acompanharam nesta visita, depois de realçar o "lado intuitivo da arte que todos temos e que todos nós podemos aplicar", "vivendo-o e praticando-o". E encarando-o, também, como "uma forma de conhecimento", que, lembrou, se ganha e se transmite.
Gil Teixeira Lopes dava, neste ponto e deste modo, continuidade às declarações do secretário de Estado da Cultura, presente na sessão, ao lado de Clara Camacho, subdirectora do Instituto Português de Museus, quando Mário Vieira de Carvalho aludia à intuição no acto criativo, sem a qual a arte não pode viver. Tal como dificilmente pode viver sem públicos, que urge continuar a captar para a Cultura: "Sem a frequência das artes não há inovação", disse Vieira de Carvalho, "havendo que ter presente que essa mesma inovação não passa apenas pela Educação e pela Ciência".
O papel dos museus nessa partilha de conhecimento - prenda-se ele com o passado, prenda-se ele com o presente -, seria igualmente salientado por Gil Teixeira Lopes, ao expressar votos de que também eles se tornem lugares "mais abertos [à criação artística dos nossos dias]. Porque os artistas continuam a ter, em Portugal, dificuldade em encontrar espaços onde apresentar a sua obra".
Não obstante os seus 50 anos de vida académica e de carreira de renome internacional, Gil Teixeira Lopes tem sido um deles: "Como transmontano e signo Carneiro, sou muito frontal", lembrou, confessando que, "ainda hoje, aos 70 anos, tenho dificuldade em encontrar um local onde expor", nomeadamente o conjunto de 400 obras do ciclo que produziu nos anos 70, de que esta selecção é uma breve parte, e que um dia gostaria de apresentar na íntegra.
Gil Teixeira Lopes não expunha na capital desde 2002, ano em que uma retrospectiva da sua obra foi apresentada no Palácio Galveias.
sábado, janeiro 13, 2007
Citações.
«(...) Agora, entre o espólio de desennhos incontáveis, provas ensurdecedoras do seu gosto pela largueza do gesto projectado na impressão de gente sem retrato, tintas dominadas a meio do acaso, riscos de renúncia e descoberta, a alegria, enfim, da mistura com os sulcos da tragédia, paradoxo da arte, ou desfocagem da morte, ou a sagração das formas que se acomodam em albuns manchados, improváveis, vividos sob o olhar de uma nova emoção. Esta presença, que recupera obras dos anos setenta é bem um pórtico para a compreensão da importante obra gravada de Teixeira Lopes. (...)»
Prof. Doutor Rocha de Sousa em Desenhamento
«(...) A visita guiada que hoje fez pelos trabalhos expostos foi uma lição de cultura e saber que ficará memorável para todos os muitos convidados que encheram a Casa-Museu.
A exposição, a não perder, tem de ser observada com calma e minúcia, coisa que farei em cada fim de tarde que passar pelas bandas do Saldanha.(...) »
Luis Novaes Tito em Tugir
sexta-feira, janeiro 12, 2007
Anos 70 Anos
Gil Teixeira Lopes inaugura, dia 12 de Janeiro, sexta-feira, pelas 18h30m, na Casa-Museu Anastácio Gonçalves (www.cmag-ipmuseus.pt) a exposição "Anos 70 / 70 Anos", de obras inéditas dos anos 70 de técnica mista sobre papel, onde o pintor revela-nos o poder criativo de um artista que se expressou através da pintura, escultura, desenho e gravura.
Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
Avenida 5 de Outubro, 6-8 – 1050-055 Lisboa
(Em frente à Maternidade Alfredo da Costa, ao Saldanha)
Telefone - + 351.21 354 08 23 / 21 354 09 23
Fax - +351.21 354 87 54
E-mail – cmag@ipmuseus.pt
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Gil Teixeira Lopes expõe 43 obras da década de 70.
O artista plástico Gil Teixeira Lopes inaugura sexta-feira, na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa, uma retrospectiva da sua produção da década de 1970, composta por 43 obras em papel.
Trata-se de uma pequena parte das 400 obras em diversos materiais que Gil Teixeira Lopes tem na sua colecção e que gostaria um dia de expor na totalidade.
O artista plástico afirmou à Lusa que de comum as obras apresentadas na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves "têm o facto de terem sido feitas naquela década e serem todas em igual suporte, o papel".
"O título da exposição '70 anos 70' procura jogar com o facto de ter 70 anos e ser relativa a obras da década de 1970", explicou Teixeira Lopes.
Pintor, escultor, desenhador, gravador, Gil Teixeira Lopes afirmou ter sido a década de 1970 uma das que mais produziu, nomeadamente devido à grande diversificação de influências e temáticas.
A revolução do 25 de Abril de 1974 foi um dos factos que mais terá inspirado o artista, que afirma: "só crio quando me sinto em estado de graça, ou com o outros chamam inspirado".
Gil Teixeira Lopes é professor catedrático jubilado de Pintura da Faculdade de Belas-Artes onde se formou depois ter frequentado a Casa Pia que, segundo afirmou, "foi fulcral" na sua formação.
Entre 1960 e 1998, obteve cerca de 40 prémios e distinções, dentro e fora do país, assim e participou em muitas em exposições.
A sua anterior exposição em Lisboa foi em 2002, no Palácio Galveias.
O Museu de Arte Contemporânea, a Biblioteca Nacional de Paris, o Museu de Arte Moderna de Seul (Coreia), a Biblioteca do Congresso e Museu de Bronx, nos Estados Unidos, o Gabinete de Estampas de Lige, na Bélgica, o Museu do Vaticano e Galeria dos Ofícios em Florença são algumas das instituições que têm obras de Gil Teixeira Lopes.
Despertares de Gil Teixeira Lopes (II)
Escolas cegam criatividade
Todas as pessoas nascem com capacidades para fazer soluções plásticas, mesmo os que dizem que não têm jeito. «É claro que sei que nasci num local privilegiado». Cresceu entre artistas, como o pai e o irmão.
Mas acrescenta que «todo o ser humano começa por fazer rabiscos na infância. Esses rabiscos são a primeira forma de dialogar com o mundo que a rodeia. É uma linguagem como outra qualquer, mas esta é muito forte, como a dança. Todos nós em pequenos damos passos, piruetas e cambalhotas. O que falta depois é o acompanhar essa capacidade em potência».
No entanto, estas mais valias são desperdiçadas, incluindo pela escola. «Os sistemas de ensino derrubam tudo isto. Cortam completamente toda essa fase criativa». A análise é feita com base nos seus 36 anos como docente na Faculdade de Belas Artes, carreira que abandonou em 1995. O mal é geral e começa logo no 1º ciclo. «Não é dada importância às artes visuais. Chegam ao 2º e 3º ciclos e o problema persiste. Matemática sim, línguas sim, mas artes não. Aliás, quando há horas para cortar, corta-se nas artes visuais. Dizem que não interessam a ninguém».
Sempre foi assim, «mas não devia e agora chega-se à conclusão que não. O ensino estético é tão importante quanto o ensino da matemática e de outras matérias. Toda a informação visual, incluindo a parte plástica, ajuda-nos a interpretar e interrogar o mundo».
Foi isto que aprendeu nos oito anos que andou na Casa Pia. «Os ensinamentos na Casa Pia foram excepcionais. Os meus estudos foram feitos principalmente no claustro dos Jerónimos. Era naquela janelinha do 1º andar que preparava os meus exames». Tinha uma oficina de pintura para fazer o que queria, com barricas de tinta e metros de tela. «E para termos conhecimento dos materiais, íamos primeiro para os laboratórios de química». Teve um ensino extremamente suculento. «O curso era de artes decorativas, mas aprendíamos muitas outras coisas, como teatro. Escavamos ossos para estudar a anatomia. Até educação sexual tínhamos e dada por um padre». Ensinamento que lhe valeram a admissão da Faculdade de Belas Artes. O destaque enquanto aluno valeu-lhe o lugar de professor, mas tal como na arte, teve de transpirar muito.
Lamenta, que os jovens de hoje não possam ter acesso a um ensino de qualidade. «Em vez das fundações os mandarem lá para fora, com bolsas irrisórias, deviam criar mais oficinas e ateliers apoiados pelo governo, onde os jovens com qualidade pudessem produzir os seus trabalhos». É uma forma de «desenvolver a cultura do país, que comparativamente com a Espanha, França e Inglaterra ainda está a muitos anos luz.
quarta-feira, janeiro 10, 2007
Despertares de Gil Teixeira Lopes.
(...)A mostra de pintura, escultura e gravura «é a prova de que estou vivo. Mostra aos meus amigos, aos críticos e ao público o que estou a fazer. Quero pôr as pessoas a dialogar com as minhas obras. É preciso que as pessoas falem e questionem, em vez de se submeterem à ditadura do silêncio».
Os tons escolhidos, como o vermelho e o preto, e a grande dimensão das suas obras são gritos de vida patentes nas peças. A par da agressividade emerge a sensualidade dos nus femininos. «Sou um fascinado pelas curvas do corpo feminino. Há sempre qualquer coisa fora do normal que me prende a atenção, despertando em mim aquela vontade de possuir o que não se pode». Um desejo que transporta para a pintura. «Estou sempre à procura de algo. Não me dou por satisfeito. Nada está acabado. É sempre possível descobrir uma coisa diferente. Se não fosse assim arrumava os pincéis».
O silêncio não faz parte da rotina deste transmontano, Carneiro e “casapiano”, como aliás o próprio se define. Seja quando pinta ou simplesmente quando fala, a música embala as palavras e os pincéis. Foi neste embalar que o artista abriu as portas do seu atelier em Pedrouços às jornalistas do Notícias da Amadora.
É neste espaço que Gil Teixeira Lopes passa grande parte dos seus dias. Só trabalha quando lhe apetece, «quando há motivo para. E quando esse motivo desaparece ou afrouxa um bocadinho ponho o trabalho a descansar, para ganhar capacidade de auto-crítica e vontade para continuar a obra. Se não for assim, o trabalho é uma coisa forçada e perde qualidade». É preciso que a inspiração seja novamente despertada. Mas não se pense que a inspiração «surge por obra e graça do Espírito Santo, ela é um complemento de várias situações».
O artista tem de estar em estado de graça. Para o alcançar «é preciso que haja qualquer coisa que nos toque e nos leve a agir. Há mil e uma situações na vida, que podem motivar a acção. Uma ida no metro, num eléctrico, a posição de uma figura, a mão que se agarra, tudo isto pode despertar o estado de graça». Até mesmo uma gota de água que cai no silêncio da noite de uma qualquer praça de Florença.
A inspiração tem um outro componente, a informação. «Qualquer um de nós, quando tem um plano de trabalho precisa de fazer uma investigação, uma formação. Precisa de recolher uma série de documentos para que aquilo que for fazer seja mais válido e suculento. Nas artes plásticas tal também acontece». O artista tem de viajar por entre a documentação. Nessa viagem ele vai encontrar ou não pontos que o levam à exaltação. «É mediante o accionar desses pontos de exaltação que depois vai para a tela, com a necessidade de concretizar. Isto tudo é a inspiração». Mas sem esquecer, como dizia Picasso, que a transpiração é 99 por cento da pintura. «É a tal percentagem que dedicamos à procura das coisas».
Quando a inspiração transpira surge a exaltação. A tinta salpica as paredes e as telas, a música sobe de tom, os gestos repetem-se num vai e vem desenfreado e a obra nasce. Cansado cai no sofá. «É terrível fisicamente, sobretudo para mim que já tive vários problemas de coração e mesmo agora com um coração de um jovem de 30 anos, estes momentos de exaltação são muito cansativos. O coração dispara e, até que volte ao ritmo normal, é um caso sério». Mas é assim, que as obras ganham expressividade e intensidade.
Gil Teixeira Lopes expõe 43 obras da década de 70 em Lisboa.
O artista plástico Gil Teixeira Lopes inaugura sexta-feira, na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, em Lisboa, uma retrospectiva da sua produção da década de 1970, composta por 43 obras em papel.
Trata-se de uma pequena parte das 400 obras em diversos materiais que Gil Teixeira Lopes tem na sua colecção e que gostaria um dia de expor na totalidade.
O artista plástico afirmou à Lusa que de comum as obras apresentadas na Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves «têm o facto de terem sido feitas naquela década e serem todas em igual suporte, o papel».
«O título da exposição 70 anos 70 procura jogar com o facto de ter 70 anos e ser relativa a obras da década de 1970», explicou Teixeira Lopes.
Pintor, escultor, desenhador, gravador, Gil Teixeira Lopes afirmou ter sido a década de 1970 uma das que mais produziu, nomeadamente devido à grande diversificação de influências e temáticas.
A revolução do 25 de Abril de 1974 foi um dos factos que mais terá inspirado o artista, que afirma: «só crio quando me sinto em estado de graça, ou com o outros chamam inspirado».
Gil Teixeira Lopes é professor catedrático jubilado de Pintura da Faculdade de Belas-Artes onde se formou depois ter frequentado a Casa Pia que, segundo afirmou, «foi fulcral» na sua formação.
Entre 1960 e 1998, obteve cerca de 40 prémios e distinções, dentro e fora do país, assim e participou em muitas em exposições. A sua anterior exposição em Lisboa foi em 2002, no Palácio Galveias.
O Museu de Arte Contemporânea, a Biblioteca Nacional de Paris, o Museu de Arte Moderna de Seul (Coreia), a Biblioteca do Congresso e Museu de Bronx, nos Estados Unidos, o Gabinete de Estampas de Liège, na Bélgica, o Museu do Vaticano e Galeria dos Ofícios em Florença são algumas das instituições que têm obras de Gil Teixeira Lopes.
Diário Digital / Lusa
09-01-2007 10:23:13
terça-feira, janeiro 09, 2007
Da largueza do gesto ao exaltar das emoções
Pela Jornalista Ana Vitória:
Os trabalhos que, a partir de dia 12, fazem parte da exposição "Anos 70 /70 anos" são, nas palavras de Rocha de Souza, que assina o texto do catálogo, " provas ensurdecedoras do seu gosto pela largueza do gesto, projectado na impressão de gente sem retrato, tintas dominadas a meio do acaso, riscos de renúncia e de redescoberta, a alegria, enfim, de mistura com os sulcos da tragédia, ou da desfocagem da morte, ou a sagração das formas que se acomodam em álbuns manchados, improváveis, vividos sob o olhar de uma nova emoção".
Após ter ultrapassado um grave problema de visão, que obrigou mesmo a intervenções cirúrgicas aos dois olhos, Gil Teixeira Lopes regressa, aos poucos, à sua actividade artística.
"Costumo fazer pequenas caminhadas diárias. É nestes momentos que encontro inspiração. Os gestos do quotidiano são uma fonte inesgotável para o meu trabalho. Quando chego ao atelier não posso ver uma tela em branco. Tenho logo que a riscar. Mesmo que depois a volte para a parede até a inspiração voltar".
O artista fala com alguma mágoa do seu sonho gorado de criar em Portugal uma grande bienal de gravura.
"Perdemos a oportunidade. Actualmente, a gravura que se faz no nosso país não é de qualidade. A técnica acabou por sofrer com a chegada de novas opções como a serigrafia ou o off-set. E é pena, porque se olharmos para os outros países percebemos que eles organizam presentemente conceituadas bienais de gravura e que os trabalhos apresentados têm uma qualidade elevadíssima", afirma.
Gil Teixeira Lopes mostra obra inédita dos anos 70.
In Jornal de Notícias em 02/01/2007
Pela Jornalista Ana Vitória:
Aos 70 anos Gil Teixeira Lopes prepara-se para dar a conhecer uma pequena parte do muito trabalho que ainda mantém inédito. O arranque será dado com a exposição "Anos 70/70 Anos", que será inaugurada no próximo dia 12, na Casa-Museu Anastácio Gonçalves, em Lisboa. A mostra reúne um conjunto de 43 trabalhos sobre papel. Uma ínfima parte da produção deste artista multifacetado que tem usado a pintura, a escultura, o desenho e a gravura como formas de expressão.
Gil Teixeira Lopes não gosta de rótulos artísticos. Considera a arte algo suficientemente abrangente para ser confinada ao espartilho dos conceitos ou movimentos. Para ele, por exemplo, falar de arte abstracta é algo que o ultrapassa.
" As coisas não são estanques Eu, por exemplo, não sei o que é o abstracto . Para mim tudo parte de uma realidade. Quando as pessoas tentam dizer abstracto é apenas porque, ao seu olhar, não conseguem identificar algo. Por exemplo, também existem estas classificações de pintura, escultura, gravura, desenho. Mas, a verdade, é que não sinto barreira entre elas. Para mim é indiferente a forma como me expresso. Vou fazendo as coisas, vou tirando partido de tudo o que me rodeia. e para tal uso os meios que melhor se adaptam a essa forma de expressar o que estou a sentir em determinado momento. O que se procura pintar não são os objectos, senso comum, mas o efeito que eles produzem".
Por isso o artista inspira-se em coisas banais do quotidiano um chapéu na cabeça de uma jovem, um perfil, ou em emoções mais profundas simbolizadas num certo erotismo que perpassa por muita da sua obra.
Gil Teixeira Lopes confessa que, desde pequeno, sempre gostou de testar os materiais que tinha à mão. "Por exemplo, na minha terra, quando eu era criança, usava pedaços de madeira carbonizados para fazer desenhos".
Ao partir para a realização desta nova exposição o artista celebra, de certa forma a vida. Ele que já foi operado três vezes ao coração (uma delas para receber um transplante) e a quem, nos últimos dois anos, a doença voltou a pregar uma partida, afectando-lhe gravemente os olhos. Agora, em recuperação, e depois de um confessado momento de crise e de angústia, Gil Teixeira Lopes decidiu olhar mais atentamente para o passado. "Para o que ficou como marca de um período de grande exaltação criativa que não me deu tempo para partilhar nem apresentar publicamente." A produção dos anos 70 expressa-se em centenas de trabalhos, quase todos inéditos.
"A década dos anos 70 foi de valorização da figura humana". A sensorialidade e cromatismo são marcas indiscutíveis deste artista. A fase criativa foi inspirada por circunstâncias históricas e por indissociáveis momentos de exaltação pessoal. Toda esta produção está arrumada em pilhas no seu ateliê à Rua de Pedrouços, em Lisboa. "Algum desse material até já se estragou", confessa o artista que não nega o sonho de um dia ainda conseguir pegar nesse material inédito e expô-lo todo.
"O espaço desta exposição na Casa Museu Anastácio Gonçalves só comporta 43 trabalhos, o que representa uma ínfima parte de toda a minha produção desse período que, em termos de trabalho, foi dos mais produtivos".
O artista confessa que nunca sabe quando uma obra está acabada. Por isso, nos últimos anos optou por não datar os seus trabalhos. " A obra pertence a um tempo e a vários tempos. Há telas minhas que têm 20 ou 30 anos de feitura. Muitas vezes acontece que volto a pegar numa tela que deixei inacabada e tenho surpresas muito agradáveis", conclui.
Gil Teixeira Lopes é professor catedrático jubilado de Pintura da Faculdade de Belas-Artes (antiga ESBAL). A sua obra é multifacetada e vasta em técnicas utilizadas e em temas. Recebeu entre 1960 e 1998 cerca de 40 prémios e distinções, quer no país quer no estrangeiro, assim como participou em inúmeras exposições. As suas obras estão representadas em diversas colecções privadas e públicas, nomeadamente Museu de Setúbal, Museu de Arte Contemporânea da S.E.C. (Lisboa), Museu Municipal Martins Correia (Golegã), Museu Municipal Armando Teixeira Lopes (Mirandela), Museu Municipal Abel Mantas (Manteigas), Museu Municipal do Desenho (Estremoz), e França (BNP, Paris), Brasil, Polónia, Noruega, Museu de Arte Moderna de Seul (Coreia), EUA (Biblioteca do Congresso e Museu de Bronx), Bélgica (Ministério da Cultura e Gabinete de Estampas de Liège), México, Áustria, Bulgária e Itália (Museu do Vaticano em Roma e Galeria dos Uffizi de Florença). Entre os galardões mais significativos da sua carreira constam os prémios das bienais do México e de São Paulo, o prémio Gulbenkian de Gravura e a medalha de ouro da bienal de Florença, em Itália.
sábado, dezembro 30, 2006
Exposição no Paços do Concelho de Torres Vedras
De 11 de Novembro a 16 de Dezembro de 2006 esteve patente, no Edifício dos Paços do Concelho, uma Exposição de Pintura e de Escultura da autoria do mestre Gil Teixeira Lopes e de Matilde Marçal.
Com esta mostra, que foi inaugurada no Feriado Municipal, pretendeu-se proporcionar aos torrienses o contacto com trabalhos de artistas de referência no panorama cultural nacional.
Pintor, gravador, escultor, pedagogo, investigador e professor catedrático, Gil Teixeira Lopes é uma figura incontornável da arte contemporânea portuguesa, sendo, actualmente, Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, membro honorário da Academia Nacional de Belas Artes e Medalha de Ouro das Cidades de Génova e Mirandela.
Segundo Baptista Bastos, “na fascinante visibilidade da obra de Gil Teixeira Lopes reside um outro fascínio, o da sua invisibilidade, ou seja, o que está subjacente ao imediatamente visto e ao imediatamente sentido. Nesse mundo imerso movimentam-se as correntes de uma experiência humana riquíssima, cujo exercício vital ele transformou em consciência, em ética e em estética. Conrad falou no coração das trevas. Gil Teixeira Lopes diz-nos do coração do mundo…”.
Já Matilde Marçal é diplomada e professora agregada pela Escola Superior de Belas Artes da Universidade de Lisboa, tendo participado em mais de 160 Exposições colectivas, em Portugal e no estrangeiro.