Inéditos de Gil Teixeira Lopes reunidos em 'Anos 70 Anos'
In Diário de Notícias de 14-01-2007, artigo assinado pela jornalista Maria João Pinto:
Muito mais do que criar "uma obra ilustrativa, que conte uma história", com "leitura imediata", tem sido a interrogação a movê-lo - a possibilidade de levar quem está perante um trabalho seu "a acrescentar-lhe" algo, "a completá-lo", "a ver mais do que está representado" e, para Gil Teixeira Lopes, isso "tem sido o mais importante".
Essa dimensão do Outro foi várias vezes acentuada na visita inaugural, que sexta-feira conduziu, de Anos 70 Anos, selecção de 43 obras, todas elas inéditas, de técnica mista sobre papel, maioritariamente produzidas na segunda metade da década de 70, uma das mais intensas da sua longa carreira nos campos da pintura, escultura, gravura e desenho. E cujo título simultaneamente remete para os seus 70 anos de vida.
Ocupando os dois pisos da galeria de exposições temporárias da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (CMAG), em Lisboa - onde permanecerá patente até 18 de Março, prestando igualmente um tributo àquela que foi a primeira casa de artista erguida em Portugal, como residência e atelier do pintor José Malhoa -, Anos 70 Anos convoca também um dever de memória, feito de postais e de fotografias antigas.
"Emociona-me ir descobrindo os sótãos, os baús dos avós, e o seu mistério", contou a quantos o acompanharam nesta visita, depois de realçar o "lado intuitivo da arte que todos temos e que todos nós podemos aplicar", "vivendo-o e praticando-o". E encarando-o, também, como "uma forma de conhecimento", que, lembrou, se ganha e se transmite.
Gil Teixeira Lopes dava, neste ponto e deste modo, continuidade às declarações do secretário de Estado da Cultura, presente na sessão, ao lado de Clara Camacho, subdirectora do Instituto Português de Museus, quando Mário Vieira de Carvalho aludia à intuição no acto criativo, sem a qual a arte não pode viver. Tal como dificilmente pode viver sem públicos, que urge continuar a captar para a Cultura: "Sem a frequência das artes não há inovação", disse Vieira de Carvalho, "havendo que ter presente que essa mesma inovação não passa apenas pela Educação e pela Ciência".
O papel dos museus nessa partilha de conhecimento - prenda-se ele com o passado, prenda-se ele com o presente -, seria igualmente salientado por Gil Teixeira Lopes, ao expressar votos de que também eles se tornem lugares "mais abertos [à criação artística dos nossos dias]. Porque os artistas continuam a ter, em Portugal, dificuldade em encontrar espaços onde apresentar a sua obra".
Não obstante os seus 50 anos de vida académica e de carreira de renome internacional, Gil Teixeira Lopes tem sido um deles: "Como transmontano e signo Carneiro, sou muito frontal", lembrou, confessando que, "ainda hoje, aos 70 anos, tenho dificuldade em encontrar um local onde expor", nomeadamente o conjunto de 400 obras do ciclo que produziu nos anos 70, de que esta selecção é uma breve parte, e que um dia gostaria de apresentar na íntegra.
Gil Teixeira Lopes não expunha na capital desde 2002, ano em que uma retrospectiva da sua obra foi apresentada no Palácio Galveias.
Muito mais do que criar "uma obra ilustrativa, que conte uma história", com "leitura imediata", tem sido a interrogação a movê-lo - a possibilidade de levar quem está perante um trabalho seu "a acrescentar-lhe" algo, "a completá-lo", "a ver mais do que está representado" e, para Gil Teixeira Lopes, isso "tem sido o mais importante".
Essa dimensão do Outro foi várias vezes acentuada na visita inaugural, que sexta-feira conduziu, de Anos 70 Anos, selecção de 43 obras, todas elas inéditas, de técnica mista sobre papel, maioritariamente produzidas na segunda metade da década de 70, uma das mais intensas da sua longa carreira nos campos da pintura, escultura, gravura e desenho. E cujo título simultaneamente remete para os seus 70 anos de vida.
Ocupando os dois pisos da galeria de exposições temporárias da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves (CMAG), em Lisboa - onde permanecerá patente até 18 de Março, prestando igualmente um tributo àquela que foi a primeira casa de artista erguida em Portugal, como residência e atelier do pintor José Malhoa -, Anos 70 Anos convoca também um dever de memória, feito de postais e de fotografias antigas.
"Emociona-me ir descobrindo os sótãos, os baús dos avós, e o seu mistério", contou a quantos o acompanharam nesta visita, depois de realçar o "lado intuitivo da arte que todos temos e que todos nós podemos aplicar", "vivendo-o e praticando-o". E encarando-o, também, como "uma forma de conhecimento", que, lembrou, se ganha e se transmite.
Gil Teixeira Lopes dava, neste ponto e deste modo, continuidade às declarações do secretário de Estado da Cultura, presente na sessão, ao lado de Clara Camacho, subdirectora do Instituto Português de Museus, quando Mário Vieira de Carvalho aludia à intuição no acto criativo, sem a qual a arte não pode viver. Tal como dificilmente pode viver sem públicos, que urge continuar a captar para a Cultura: "Sem a frequência das artes não há inovação", disse Vieira de Carvalho, "havendo que ter presente que essa mesma inovação não passa apenas pela Educação e pela Ciência".
O papel dos museus nessa partilha de conhecimento - prenda-se ele com o passado, prenda-se ele com o presente -, seria igualmente salientado por Gil Teixeira Lopes, ao expressar votos de que também eles se tornem lugares "mais abertos [à criação artística dos nossos dias]. Porque os artistas continuam a ter, em Portugal, dificuldade em encontrar espaços onde apresentar a sua obra".
Não obstante os seus 50 anos de vida académica e de carreira de renome internacional, Gil Teixeira Lopes tem sido um deles: "Como transmontano e signo Carneiro, sou muito frontal", lembrou, confessando que, "ainda hoje, aos 70 anos, tenho dificuldade em encontrar um local onde expor", nomeadamente o conjunto de 400 obras do ciclo que produziu nos anos 70, de que esta selecção é uma breve parte, e que um dia gostaria de apresentar na íntegra.
Gil Teixeira Lopes não expunha na capital desde 2002, ano em que uma retrospectiva da sua obra foi apresentada no Palácio Galveias.
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