Despertares de Gil Teixeira Lopes.
Excertos de grande entrevista à Jornalista Alexandra Bento do Notícias da Amadora em 21-11-2002
(...)A mostra de pintura, escultura e gravura «é a prova de que estou vivo. Mostra aos meus amigos, aos críticos e ao público o que estou a fazer. Quero pôr as pessoas a dialogar com as minhas obras. É preciso que as pessoas falem e questionem, em vez de se submeterem à ditadura do silêncio».
Os tons escolhidos, como o vermelho e o preto, e a grande dimensão das suas obras são gritos de vida patentes nas peças. A par da agressividade emerge a sensualidade dos nus femininos. «Sou um fascinado pelas curvas do corpo feminino. Há sempre qualquer coisa fora do normal que me prende a atenção, despertando em mim aquela vontade de possuir o que não se pode». Um desejo que transporta para a pintura. «Estou sempre à procura de algo. Não me dou por satisfeito. Nada está acabado. É sempre possível descobrir uma coisa diferente. Se não fosse assim arrumava os pincéis».
O silêncio não faz parte da rotina deste transmontano, Carneiro e “casapiano”, como aliás o próprio se define. Seja quando pinta ou simplesmente quando fala, a música embala as palavras e os pincéis. Foi neste embalar que o artista abriu as portas do seu atelier em Pedrouços às jornalistas do Notícias da Amadora.
É neste espaço que Gil Teixeira Lopes passa grande parte dos seus dias. Só trabalha quando lhe apetece, «quando há motivo para. E quando esse motivo desaparece ou afrouxa um bocadinho ponho o trabalho a descansar, para ganhar capacidade de auto-crítica e vontade para continuar a obra. Se não for assim, o trabalho é uma coisa forçada e perde qualidade». É preciso que a inspiração seja novamente despertada. Mas não se pense que a inspiração «surge por obra e graça do Espírito Santo, ela é um complemento de várias situações».
O artista tem de estar em estado de graça. Para o alcançar «é preciso que haja qualquer coisa que nos toque e nos leve a agir. Há mil e uma situações na vida, que podem motivar a acção. Uma ida no metro, num eléctrico, a posição de uma figura, a mão que se agarra, tudo isto pode despertar o estado de graça». Até mesmo uma gota de água que cai no silêncio da noite de uma qualquer praça de Florença.
A inspiração tem um outro componente, a informação. «Qualquer um de nós, quando tem um plano de trabalho precisa de fazer uma investigação, uma formação. Precisa de recolher uma série de documentos para que aquilo que for fazer seja mais válido e suculento. Nas artes plásticas tal também acontece». O artista tem de viajar por entre a documentação. Nessa viagem ele vai encontrar ou não pontos que o levam à exaltação. «É mediante o accionar desses pontos de exaltação que depois vai para a tela, com a necessidade de concretizar. Isto tudo é a inspiração». Mas sem esquecer, como dizia Picasso, que a transpiração é 99 por cento da pintura. «É a tal percentagem que dedicamos à procura das coisas».
Quando a inspiração transpira surge a exaltação. A tinta salpica as paredes e as telas, a música sobe de tom, os gestos repetem-se num vai e vem desenfreado e a obra nasce. Cansado cai no sofá. «É terrível fisicamente, sobretudo para mim que já tive vários problemas de coração e mesmo agora com um coração de um jovem de 30 anos, estes momentos de exaltação são muito cansativos. O coração dispara e, até que volte ao ritmo normal, é um caso sério». Mas é assim, que as obras ganham expressividade e intensidade.
(...)A mostra de pintura, escultura e gravura «é a prova de que estou vivo. Mostra aos meus amigos, aos críticos e ao público o que estou a fazer. Quero pôr as pessoas a dialogar com as minhas obras. É preciso que as pessoas falem e questionem, em vez de se submeterem à ditadura do silêncio».
Os tons escolhidos, como o vermelho e o preto, e a grande dimensão das suas obras são gritos de vida patentes nas peças. A par da agressividade emerge a sensualidade dos nus femininos. «Sou um fascinado pelas curvas do corpo feminino. Há sempre qualquer coisa fora do normal que me prende a atenção, despertando em mim aquela vontade de possuir o que não se pode». Um desejo que transporta para a pintura. «Estou sempre à procura de algo. Não me dou por satisfeito. Nada está acabado. É sempre possível descobrir uma coisa diferente. Se não fosse assim arrumava os pincéis».
O silêncio não faz parte da rotina deste transmontano, Carneiro e “casapiano”, como aliás o próprio se define. Seja quando pinta ou simplesmente quando fala, a música embala as palavras e os pincéis. Foi neste embalar que o artista abriu as portas do seu atelier em Pedrouços às jornalistas do Notícias da Amadora.
É neste espaço que Gil Teixeira Lopes passa grande parte dos seus dias. Só trabalha quando lhe apetece, «quando há motivo para. E quando esse motivo desaparece ou afrouxa um bocadinho ponho o trabalho a descansar, para ganhar capacidade de auto-crítica e vontade para continuar a obra. Se não for assim, o trabalho é uma coisa forçada e perde qualidade». É preciso que a inspiração seja novamente despertada. Mas não se pense que a inspiração «surge por obra e graça do Espírito Santo, ela é um complemento de várias situações».
O artista tem de estar em estado de graça. Para o alcançar «é preciso que haja qualquer coisa que nos toque e nos leve a agir. Há mil e uma situações na vida, que podem motivar a acção. Uma ida no metro, num eléctrico, a posição de uma figura, a mão que se agarra, tudo isto pode despertar o estado de graça». Até mesmo uma gota de água que cai no silêncio da noite de uma qualquer praça de Florença.
A inspiração tem um outro componente, a informação. «Qualquer um de nós, quando tem um plano de trabalho precisa de fazer uma investigação, uma formação. Precisa de recolher uma série de documentos para que aquilo que for fazer seja mais válido e suculento. Nas artes plásticas tal também acontece». O artista tem de viajar por entre a documentação. Nessa viagem ele vai encontrar ou não pontos que o levam à exaltação. «É mediante o accionar desses pontos de exaltação que depois vai para a tela, com a necessidade de concretizar. Isto tudo é a inspiração». Mas sem esquecer, como dizia Picasso, que a transpiração é 99 por cento da pintura. «É a tal percentagem que dedicamos à procura das coisas».
Quando a inspiração transpira surge a exaltação. A tinta salpica as paredes e as telas, a música sobe de tom, os gestos repetem-se num vai e vem desenfreado e a obra nasce. Cansado cai no sofá. «É terrível fisicamente, sobretudo para mim que já tive vários problemas de coração e mesmo agora com um coração de um jovem de 30 anos, estes momentos de exaltação são muito cansativos. O coração dispara e, até que volte ao ritmo normal, é um caso sério». Mas é assim, que as obras ganham expressividade e intensidade.
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