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quinta-feira, janeiro 18, 2007

Despertares de Gil Teixeira Lopes (III)



Excertos de grande entrevista à Jornalista Alexandra Bento do Notícias da Amadora em 21-11-2002

Inquinamento e silêncio

«Sou extremamente crítico. Todavia, não posso deixar de o ser sob pena de me tornar em mais uma vítima da ditadura do silêncio». (...)
Qualquer pessoa quando nasce tem capacidades para expressar os seus sentimentos, «mas é preciso que o sistema de ensino e o ambiente dê condições». São necessários mais museus e galerias, e exposições no meio da rua, para que as pessoas dialoguem com as peças. «Não temos nada.(...)
Gil Teixeira Lopes lamenta que tenha de pagar ao «Público» ou ao «Expresso» para que a sua exposição seja divulgada nestes jornais. Lamenta também o desprezo que é dado à gravura: «é considerada uma arte menor. Prostituiu-se com promoções do tipo leva três e pague duas». Algo que causa uma dor especial. Durante anos a fio dedicou-se à gravura de alma e sobretudo coração. Foi nessa altura que começaram os seus problemas de saúde. Mas houve uma recompensa. É actualmente um dos raros portugueses com estatuto internacional na gravura. (...)
A vida de Gil Teixeira Lopes resume-se a Mirandela, terra em que nasceu em 1936, à Casa Pia, à Faculdade de Belas Artes e hoje em dia ao atelier. O resto são fugas aos países vizinhos para beber um pouco do seu trabalho, mas nunca fugas «para almoçar com este ou aquele crítico que me podia abrir portas. Não tenho pachorra».
«Quero prostituir-me o menos possível. É claro que tenho de vender obras para poder comer». No entanto, como qualquer criador «não gosto de entregar os meus “filhos” a quem sei que não vai saber tomar conta deles». Não gosta de criticar os rebentos, mas acrescenta que os seus trabalhos são «o resultado possível de um indivíduo que tem uma série de condicionalismos, seja de saúde ou de feitio». O feitio de achar que ninguém se deve calar na ditadura do silêncio porque a obra nunca está acabada.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

No antigo regimo, era o poder politico, hoje sao os media que mandam "" antigamente as grandes fortunas mandavam nos politicos, hoje basta ter jornais, e "jornalistas" com medo de perder o emprego, para travar a cultura no nosso e nos outros paises!!!

1/18/2007 02:09:00 da tarde  

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