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terça-feira, janeiro 09, 2007

Da largueza do gesto ao exaltar das emoções

In Jornal de Notícias de 2 de Janeiro de 2007

Pela Jornalista Ana Vitória:

Os trabalhos que, a partir de dia 12, fazem parte da exposição "Anos 70 /70 anos" são, nas palavras de Rocha de Souza, que assina o texto do catálogo, " provas ensurdecedoras do seu gosto pela largueza do gesto, projectado na impressão de gente sem retrato, tintas dominadas a meio do acaso, riscos de renúncia e de redescoberta, a alegria, enfim, de mistura com os sulcos da tragédia, ou da desfocagem da morte, ou a sagração das formas que se acomodam em álbuns manchados, improváveis, vividos sob o olhar de uma nova emoção".

Após ter ultrapassado um grave problema de visão, que obrigou mesmo a intervenções cirúrgicas aos dois olhos, Gil Teixeira Lopes regressa, aos poucos, à sua actividade artística.

"Costumo fazer pequenas caminhadas diárias. É nestes momentos que encontro inspiração. Os gestos do quotidiano são uma fonte inesgotável para o meu trabalho. Quando chego ao atelier não posso ver uma tela em branco. Tenho logo que a riscar. Mesmo que depois a volte para a parede até a inspiração voltar".

O artista fala com alguma mágoa do seu sonho gorado de criar em Portugal uma grande bienal de gravura.

"Perdemos a oportunidade. Actualmente, a gravura que se faz no nosso país não é de qualidade. A técnica acabou por sofrer com a chegada de novas opções como a serigrafia ou o off-set. E é pena, porque se olharmos para os outros países percebemos que eles organizam presentemente conceituadas bienais de gravura e que os trabalhos apresentados têm uma qualidade elevadíssima", afirma.